Educação indígena e interculturalidade: o exemplo de Campo Novo do Parecis (MT)

Neste artigo, você vai ler:
📌 Como Campo Novo do Parecis (MT) implementa uma educação bilíngue e intercultural para o povo Háliti-Paresi, unindo os saberes tradicionais aos materiais didáticos.
📌 O desafio de equilibrar a identidade cultural com a tecnologia e os “dois mundos”, garantindo que as crianças não percam suas raízes enquanto se conectam com novas realidades.
📌 A importância da troca de conhecimentos e do respeito às especificidades para criar uma aprendizagem significativa, que valoriza a língua materna, a cultura e os anciãos da comunidade.
📌 Crédito das fotos: professora Valdirene Avelino Zakenaezokero (1 e 2) e professora Liliane Padilha (3).

Um dos maiores desafios e uma das maiores riquezas da educação brasileira é a sua diversidade cultural. Em um país tão complexo e colorido, construir a educação requer conhecimento, sensibilidade e um olhar de conexão e compartilhamento. Campo Novo do Parecis, parceiro Opet no oeste de Mato Grosso, é um exemplo concreto disso! Lá, a rede municipal de ensino abrange os estudantes de 20 aldeias da etnia Háliti-Paresi.
Ao todo, os 2.750 indígenas da etnia vivem em 89 aldeias em sete municípios da região – Campo Novo do Parecis, Tangará da Serra, Sapezal, Campo de Júlio, Conquista do Oeste, Barra do Bugres e Nova Marilândia. Em Campo Novo do Parecis, as crianças da Educação Infantil utilizam os materiais didáticos e recursos da Editora Opet. As soluções também estão nas escolas indígenas, onde atuam 16 professores nativos que oferecem educação em um ambiente bilíngue.

Uma formação intercultural: a professora Valdirene Avelino Zakenaezokero com seus estudantes.

Desafio

Claudiane Quezo Zaezaé, indígena Háliti-Paresi, é pedagoga e diretora de Educação Indígena em Campo Novo do Parecis. Segundo ela, a educação das crianças e adolescentes indígenas é desafiadora por muitos motivos, começando pelos históricos. “É importante que os livros didáticos deem importância aos povos indígenas, que mostrem o passado e o presente”, observa.
“Há Estados em que as pessoas não nos conhecem e não sabem que existimos. Não é preciso que nos conheçam, mas sim que saibam, da forma correta, que nós existimos”, destaca. Ela fundamenta essa opinião observando que só em Mato Grosso existem 43 povos indígenas com suas línguas e culturas, e que também há etnias vindas de outros Estados para a região.

Oportunidade de avançar

Claudiane diz que Campo Novo do Parecis realiza um bom trabalho com a educação indígena. “O município é parceiro e nos dá autonomia”, observa. Sobre a Editora Opet, ela observa que os livros são importantes para o trabalho com a Educação Infantil, e que as formações pedagógicas são uma oportunidade de aprender e de trocar conhecimentos.
E finaliza observando que, nos últimos anos, a Educação Indígena ganhou materialidade com leis e portarias que garantem aos professores indígenas o direito de trabalhar do seu jeito, com o olhar de quem vive a realidade de dentro. “Só temos que saber interpretar e trabalhar”.

Cultura e a identidade

“O desafio da educação escolar é incentivar os alunos a não esquecerem da nossa cultura e identidade devido à tecnologia e à internet”, avalia a professora Valdirene Avelino Zakenaezokero, Háliti-Paresi líder em sua comunidade. “Devemos viver em dois mundos, mas sem jamais perder nossa essência.”
Para ela, o trabalho com a educação indígena é um caminho para a preservação e o florescimento da cultura. E o trabalho formativo da Editora desempenha um papel importante nisso. “As formações são maravilhosas! As formadoras sempre destacam a educação indígena em um contexto atual, e os materiais didáticos estão de acordo com os preceitos da educação indígena.

Riqueza e repertório

Edilaine Mendonça de Paula Machado é diretora do Departamento de Educação Infantil de Campo Novo do Parecis, atuando com os professores nas escolas das aldeias e da cidade. Ela reforça a importância da interculturalidade.
“Estamos sempre buscando ampliar o repertório”, conta. Nesse processo, a comunidade indígena é de grande valor, por exemplo, na figura dos anciãos, que preservam a língua e a cultura e as transmitem para as novas gerações.
Edilaine destaca o valor das trocas e intercâmbios culturais que envolvem estudantes indígenas e não indígenas, com visitas e momentos de conhecimento. “O uso de elementos da natureza e materiais não estruturados no processo educacional, por exemplo, também desperta a atenção dos professores.”

A vivência da cultura na educação é um dos elementos fundamentais entre os Háliti-Paresi.

Aprender sempre

As formações pedagógicas permitem ampliar a compreensão e o repertório dos professores em relação aos materiais didáticos e recursos, e também possibilitam uma construção conjunta da educação. São momentos de trocas culturais que ganham ainda mais força no caso do trabalho com os professores indígenas.
Liliane Padilha é formadora Opet e, recentemente, esteve em Campo Novo do Parecis com os professores em uma escola da área urbana e para uma visita técnica a uma das escolas indígenas com atendimento da Educação Infantil.
Para ela, o trabalho com os professores indígenas é muito compensador. “A educação indígena é intercultural. Ela envolve as culturas indígena e não indígena. O professor tem a missão de ensinar as duas línguas e, consequentemente, as duas realidades para as crianças”, observa. E é aí que o processo ganha em riqueza e complexidade.
“O que muda no trabalho é a forma como as aprendizagens são ressignificadas. As crianças utilizam nosso material a partir de seus referenciais culturais e de sua realidade, que são distintos”, explica Liliane. “Fazemos uma aproximação entre as propostas trazidas no material didático e a língua materna, as tradições e os costumes da aldeia. E isso dá ainda mais potência à aprendizagem”, resume.

Liliane Padilha, formadora: trabalho com a educação indígena é altamente compensador.

Vivência única

Sobre o trabalho com os professores, ela percebe seu papel na preservação da cultura Háliti-Paresi. “Eles se veem como responsáveis pela preservação da cultura e, ao mesmo tempo, pelo acesso das crianças a novos conhecimentos. E cuidam para que o sistema respeite as especificidades culturais, principalmente no que se refere à língua e às tradições. Também demonstram abertura para dialogar e construir juntos, desde que este diálogo seja feito com respeito e valorização da identidade do povo.”
E as crianças? Segundo Liliane, é, sempre, emocionante acompanhá-las em sua relação com as vivências culturais, a natureza e os materiais didáticos. “Essa integração torna a aprendizagem ainda mais significativa porque respeita a identidade das crianças e valoriza o que elas têm de mais precioso: suas raízes, seus saberes e sua forma única de viver o mundo”, avalia.
“E é incrível ver até onde chega a Coleção Entrelinhas para Você e, também, a potência de um material composto por propostas e experiências que permitem que as crianças, mesmo em um contexto cultural tão diferente, transcrevam esses aprendizados para o seu dia a dia.”

Outubro Rosa: esperança, informação, prevenção e ação!

Crédito: Getty Images.

Nesta quarta-feira (01º), pessoas, empresas, governos e instituições da sociedade civil de todo o mundo iniciam mais uma edição do Outubro Rosa, mês de conscientização e ações pela saúde integral da mulher, com atenção especial para os cânceres de mama e útero. Um momento da maior importância, que oferece inclusão e informação por uma causa fundamental: reduzir o número de casos e de mortes entre mulheres.

O quadro, vale observar, é altamente desafiador, o que reforça a importância do Outubro Rosa. Fatores como o envelhecimento da população, a pobreza, a falta de acesso a serviços médicos e a baixa escolaridade podem contribuir para que, até 2050, segundo a Agência Internacional para Pesquisa de Câncer (IARC), o mundo registre cerca de 3,2 milhões de novos casos de câncer de mama por ano, com 1,1 milhão de mortes anuais. Esses números representariam um aumento, em relação aos atuais, de 38% no número de casos e de 68% no de mortes.

No caso do câncer de colo de útero, nas mesmas condições, devem ser registrados 604 mil novos casos por ano e cerca de 342 mil mortes.

Nesse contexto, informação não é apenas uma palavra: é o início de um processo de conscientização, cuidado, prevenção e maiores possibilidades de cura quando a doença é diagnosticada.

Para a Editora Opet, o Outubro Rosa é especialmente importante por dois motivos que caminham juntos: o primeiro é a nossa razão de ser, a educação, que é informação construída socialmente e compartilhada; o segundo, não menos importante, são as mulheres – professoras, gestoras, mães, colaboradoras, integrantes das equipes de suporte às escolas – que fazem parte da nossa historia e do nosso dia a dia. Todas as mulheres!

Nas próximas seções deste artigo especial, vamos reforçar a importância do Outubro Rosa. Mais do que isso, vamos falar de prevenção e autocuidado. É informação de alta qualidade e de acesso facilitado. Para ler, refletir, agir e compartilhar!

🌸 A importância do Outubro Rosa

O câncer, evidentemente, não escolhe mês ou época do ano, e os cuidados devem ser permanentes. Mas, é preciso jogar luz sobre o tema, conversar a respeito, sensibilizar. E é assim que a coisa funciona: o principal impacto do Outubro Rosa está na disseminação do conhecimento.

A informação afasta o medo e o preconceito, promovendo o autocuidado e incentivando a prevenção e o tratamento. Esse movimento vai além de um único mês, inspirando hábitos saudáveis e engajamento na luta contra o câncer durante todo o ano.

🌸 Vamos falar sobre o câncer

Crédito: Getty Images.

O termo “câncer” abrange mais de 100 tipos de doenças causadas pelo crescimento desordenado de células. Esse processo pode gerar tumores, que são massas celulares anormais. Esses tumores podem invadir tecidos vizinhos e até mesmo se espalhar para outras partes do corpo, um fenômeno chamado metástase.

🌸 Neoplasias: a diferença entre benignas e malignas

As neoplasias podem ser benignas ou malignas. Neoplasias benignas crescem lentamente e não invadem outros tecidos. As malignas, por outro lado, são agressivas, invadindo tecidos e se espalhando pelo corpo através dos vasos sanguíneos ou linfáticos.

🌸 Quais são as causas do câncer?

A reprodução desordenada de células pode ser desencadeada por fatores genéticos, ambientais ou hábitos de vida. Estima-se que entre 80% e 90% dos casos de câncer estejam relacionados a causas externas, como poluição e comportamento, que alteram o DNA das células.

🌸 O câncer de mama

Crédito: Getty Images

O câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres no mundo, com cerca de 2,3 milhões de novos casos anuais (com possibilidade de crescimento de 38% até 2050, segundo a IARC). No Brasil, são aproximadamente 73 mil diagnósticos por ano, representando quase um quarto de todos os cânceres femininos. Além disso, é o tipo de câncer que mais causa mortes entre mulheres no país, com uma taxa de mortalidade de 11,71 por cem mil pessoas (à frente dos cânceres de colo de útero, pulmão e colorretal) segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/SUS) de 2023/25.

🌸 Como cuidar de si: atitudes que fazem a diferença

Os fatores de risco para o câncer de mama incluem questões genéticas, ambientais e hábitos de vida. Algumas medidas preventivas incluem:

Alimentação saudável: Aumentar o consumo de vegetais, frutas e alimentos orgânicos, e reduzir a ingestão de alimentos ultraprocessados, carne vermelha e álcool.

Evitar o cigarro: O tabagismo é um fator de risco significativo para vários tipos de câncer.

Prática de exercícios físicos: A atividade física regular é essencial para a saúde geral e pode ajudar na prevenção do câncer.

Gerenciamento do estresse: Práticas como meditação, caminhadas e hobbies ajudam a reduzir o estresse.

Autoexame das mamas: O INCA recomenda que as mulheres observem suas mamas regularmente, valorizando a descoberta casual de alterações suspeitas.

Crédito: Getty Images.

🌸 A origem do Outubro Rosa

Crédito: FSGK

A campanha do Outubro Rosa surgiu nos Estados Unidos na década de 1990, por meio da Fundação Susan G. Komen for the Cure. A primeira “Corrida pela Cura”, realizada em Nova Iorque, distribuiu laços rosa para os participantes, como símbolo da conscientização sobre o câncer de mama. Em 1997, o movimento ganhou força com ações nas cidades de Yuba e Lodi, na Califórnia, e se espalhou pelo mundo.

🌸 Outubro Rosa no Brasil

Crédito: Presidência da República

No Brasil, o movimento chegou em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado em rosa. Desde então, outros monumentos pelo país também se tornaram parte da campanha, que conta com o apoio de entidades públicas e privadas.

🌸 Informação de qualidade

Indicamos algumas fontes confiáveis de informação sobre o câncer de mama, sua prevenção e tratamento. Confira!

📍Cancer Today – portal da OMS com estatísticas globais atualizadas sobre o câncer (em inglês).

📍Fundação do Câncer – Informações gerais.

📍Fundação Oswaldo Cruz – Entrevista com a mastologista Viviane Esteves, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)

📍Fundação Susan Komen for the Cure – site oficial da instituição que lançou as primeiras ações do Outubro Rosa (em inglês)

📍Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) – Informações gerais, taxas de incidência no Brasil por região

📍INCA – Informações específicas sobre o Controle do Câncer de Mama

📍Instituto Vencer o Câncer – Câncer de Mama – Informações gerais.

📍Observatório Global do Câncer – portal da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a doença (em inglês).

📍“Outubro Rosa” – Material produzido pela Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde

📍“Pink October” – Portal oficial da campanha do Outubro Rosa nos Estados Unidos (em inglês)

#FuturoPresente: do elixir da imortalidade à longevidade extrema

Detalhe de “A Criação de Adão” (1511), de Michelangelo Buonarroti. A longevidade é um antigo sonho humano. Fonte: Wikipedia.

É interessante observar como as fronteiras mais avançadas da ciência e da tecnologia muitas vezes se baseiam em sonhos muito, muito antigos. Um exemplo? A busca pela longevidade e até pela imortalidade, que no passado despertou o interesse entre alquimistas e filósofos e, hoje, atrai a atenção de cientistas que buscam formas de prolongar a vida humana. Nesta edição de #FuturoPresente, vamos conhecer algumas das perspectivas nesse campo ousado e desafiador, que não tem medo de se perguntar até que idade poderemos viver.

Afinal, como viver mais?

Essa era uma pergunta frequente, por exemplo, entre os antigos alquimistas chineses e os ascetas hindus. Para eles, alcançar a “imortalidade” envolvia, além de aspectos espirituais ou religiosos, exercícios físicos e de respiração, regras dietéticas estritas e cuidados com a higiene pessoal. Nada tão “estranho” e nem tão diferente, em linhas gerais, do que prega a medicina atual – um caminho lógico, na verdade.

Nos últimos cem anos, aliás, o mundo evoluiu muito em longevidade média justamente graças à melhoria da alimentação, do estímulo às práticas físicas e da implementação de programas extensivos de saneamento básico. Sem contar, é claro, com avanços espetaculares na medicina e na farmacologia.

Exercícios chineses voltados à longevidade, em fragmento de tecido. China, século II. Fonte: Wikipedia.

⏱️ A longevidade além do padrão biológico

Aqui, há uma questão: a implementação dessas medidas aumentou, claro, a longevidade. Para isso, ela reduziu a mortalidade infantil, rompendo uma cadeia de mortes antes do tempo. Com isso, aproximou a vida humana de seu limite natural, o que é excelente. Mas não “arranhou” qualquer possibilidade de ir além. Explicamos.

Quando falamos em longevidade, estamos falando em ir além do padrão natural atual por meios que permitam a regeneração celular, a preservação cognitiva e da saúde física. A coisa, inclusive, namora com a ideia de imortalidade – e é nisto que os cientistas estão mirando!

O limite biológico humano hoje

Antes de chegar aos avanços, é interessante situar o alcance máximo da vida humana atualmente. Com base em dados estatísticos e no acompanhamento dos chamados superidosos – pessoas acima de 80 anos com excelente saúde física e mental –, estima-se que o limite biológico humano esteja entre 120 e 125 anos.

O que, convenhamos, é uma idade extraordinária, a que pouquíssima gente chega: a ONU estima que, em 2025, existam cerca de 630 mil pessoas com mais de cem anos; e apenas uma delas, a inglesa Ethel Caterham, está viva aos 116 anos (outra superidosa que chegou a esta idade foi a brasileira Inah Canabarro Lucas, que faleceu neste ano). E quem foi o ser humano mais longevo documentado pela ciência? A francesa Jeanne Calment, que faleceu em 1997 com 122 anos.

Viver mais e viver melhor: esta é a meta da Medicina da longevidade. Fonte: Getty Images.

🛠️ Romper a barreira do tempo

Esse, enfim, é o desafio: mas, como chegar lá? Ao examinar as pesquisas e as discussões sobre o tema, é possível perceber duas linhas mais aparentes de “ataque” ao problema.

A primeira, baseada em avanços importantes nas últimas décadas, vê possibilidades nos transplantes, em órgãos artificiais ou modificados de outros animais (como porcos, por exemplo) e até na impressão em 3-D de vísceras.

A despeito do grande sucesso dos transplantes e das terapias anti-rejeição, eles não parecem ser o caminho mais indicado para romper a barreira dos 120 anos. E isso, afirmam os cientistas, se deve a alguns fatores, começando pelo de que os organismos envelhecem de forma sistêmica. Nesse contexto, uma víscera nova não seria suficiente para reverter o processo – a menos, é claro, que houvesse uma forma de “trocar totalmente de corpo” mantendo a consciência, o que, para o momento, pertence 100% ao universo da ficção científica.

Sem contar o fato de que para um órgão essencial ainda não há possibilidade de transplante: estamos falando do cérebro, que é totalmente associado à personalidade.

Há, também, outras questões, como a inexistência de técnicas suficientemente avançadas de produção de novos órgãos – de base biológica ou artificial – específicas para as substituições, e o preço dos transplantes, que é altíssimo.

✂️ A “vida eterna” de dentro para fora

A segunda abordagem, vista por muitos cientistas como mais viável, desce vários graus em relação à escala. A proposta da chamada Medicina de Transcriptômica (ou Transcricional) é utilizar técnicas de edição e modificação genética – como as do RNA Mensageiro (mRNA, a mesma tecnologia utilizada nas vacinas anti-Covid) e do CRISPR (de que tratamos em outra edição de #FuturoPresente) – para transformar o comportamento das células.

Com isso, uma mesma célula, com seu “relógio” modificado, poderia rejuvenescer; no caso das células-tronco, elas poderiam ser direcionadas para se converter em outras células jovens e capazes de substituir tecidos comprometidos.

Há, também, uma possibilidade fantástica nascida do conhecimento cada vez maior da genética das pessoas superidosas. O que seu “mapa genético” tem de diferente? Sabendo disso, seria possível ajustar os “mapas” das pessoas comuns para que também vivam mais e melhor.

Entre as empresas de maior poder que estão trabalhando em processos em nível genético está a Altos Labs (EUA), inaugurada em 2022. Ela tem como presidente do conselho consultivo o japonês Shinya Yamanaka, ganhador do Nobel de Medicina de 2012 por uma pesquisa de reversão do envelhecimento, e é financiada por uma das pessoas mais ricas do mundo, o bilionário Jeff Bezos.

A resposta para a longevidade pode estar no nível genético. Fonte: Getty Images.

♻️ Conclusão: viver mais ou viver melhor?

Em um mundo que envelhece a olhos vistos – em especial nos países mais ricos, onde a taxa de reposição populacional insuficiente gera sérias preocupações sociais e econômicas –, a busca pela longevidade é mais do que a tentativa de realizar um sonho ancestral. Ela traz consigo conhecimentos que podem ajudar a espécie humana a viver mais e melhor dentro dos limites estabelecidos pela própria biologia.

E, de olho em um futuro mais distante, em um tempo de ainda mais tecnologia, a longevidade também pode ajudar a viabilizar a presença humana em outras regiões do universo. Explicamos: como as distâncias interestelares são enormes – com a tecnologia atual, chegar aos limites do Sistema Solar leva 50 anos! -, colonizar outros planetas pediria, provavelmente, uma vida mais extensa para suportar as viagens.

O direcionamento de grandes somas de dinheiro para essas pesquisas, porém, também gera reflexões. Afinal, vivemos em um tempo em que a mortalidade infantil ainda está presente em várias regiões do mundo; do mesmo modo, a morte prematura de jovens causada pela violência urbana e em conflitos armados também é uma grande preocupação. Sem contar o comprometimento do meio ambiente pela exploração massiva e irresponsável, que afeta a saúde e compromete a sobrevivência da nossa espécie.

Todos querem viver mais, e a ciência deve seguir pesquisando e crescendo. É preciso pensar também, porém, em viver melhor, estendendo este benefício a todos os seres humanos.

Extra, Extra! Confira os finalistas do 15º Prêmio Ação Destaque!

A Editora Opet acaba de publicar os 29 projetos finalistas das nove categorias do 15º Prêmio Ação Destaque. A grande final acontece em Curitiba nos dias 28, 29 e 30 de outubro. Os finalistas foram selecionados entre 154 projetos de 41 municípios.

“Neste ano, os projetos trouxeram propostas muito significativas”, avalia Cliciane Élen Augusto, gerente pedagógica da Editora Opet e responsável pela comissão julgadora. “Também tivemos várias pontuações parecidas – os pareceristas tiveram bastante trabalho para chegar ao resultado! Foram muitas leituras para a definição dos finalistas”, observa.

OBSERVAÇÃO: De acordo com o Art. 27 do Regulamento do Prêmio Ação Destaque, os professores e gestores participantes poderão solicitar a análise dos pareceristas, por meio de sua respectiva Secretaria Municipal de Educação, até o dia 31 de janeiro de 2026, via formulário – CLIQUE AQUI E ACESSE.

CONFIRA OS TRABALHOS SELECIONADOS PARA A GRANDE FINAL!

📌 CATEGORIA 01 – EDUCAÇÃO INFANTIL – COLEÇÃO PRIMEIRA INFÂNCIA +0, COLEÇÃO ENTRELINHAS PARA VOCÊ! (INFANTIL 1, 2, 3) OU COLEÇÃO FEITO CRIANÇA (INFANTIL 1, 2, 3):

1. Luana Pinheiro de Carvalho. Itabirito (MG). “Quem sou eu? Descobrindo minha identidade”

2. Marilde Del Moro. Salto Veloso (SC). “Nas Entrelinhas, animais em todos os lugares: curiosidade, exploração e encantamento”

3. Renata Aparecida Dezo Singulani. Santa Cruz do Rio Pardo (SP). “Nossa escola, nossas vozes: trocando histórias e saberes”

📌 CATEGORIA 02 – EDUCAÇÃO INFANTIL – COLEÇÃO ENTRELINHAS PARA VOCÊ! (4 E 5) OU COLEÇÃO FEITO CRIANÇA (4 E 5):

1. Joselâine Cristina Ribeiro de Matos. Campo Novo do Parecis (MT). “Dinheiro não dá em árvore… ou dá?”

2. Laiz Caroliny da Silva. Carlópolis (PR). “Eco Influencers: nosso papel é semear o Futuro”

3. Margarida Maria Barboza dos Anjos. Ouro Preto (MG). “Pelos olhos de uma criança”

4. Vanessa Maria Silva Lopes. Santana de Parnaíba (SP). “Passarinhar, casa dos passarinhos”

📌 CATEGORIA 03 – ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS 1º AO 3º ANO – COLEÇÃO CAMINHOS E VIVÊNCIAS, COLEÇÃO MEU AMBIENTE OU PROGRAMA INDICA:

1. Janaína Aparecida de Paiva Lima. Varginha (MG). “Turma conectada: da sala de aula para a comunidade virtual”

2. Josy Mary da Rocha Golfetto. Vilhena (RO). “Vilhena, minha cidade tem história”

3. Rodrigo Gualberto da Costa. Lavras (MG). “Cidade, Infância e Educação: Leitura do Território e Protagonismo Infantil no Ensino Fundamental”

4. Sônia Patrícia Florentino da Silva Araújo. Fortaleza (CE). “Criança Cidadã: alfabetizando-se, além dos muros da escola”

📌 CATEGORIA 04 – ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS 4º E 5º ANO – COLEÇÃO CAMINHOS E VIVÊNCIAS, COLEÇÃO MEU AMBIENTE OU PROGRAMA INDICA:

1. Ana Paula dos Santos Alves. Carlópolis (PR). “Águas Do Conhecimento: Aprender Para Preservar”

2. Denise Zimmermann Schuller. Arroio Trinta (SC). “Cuidando do Meio Ambiente, Cuidando do Futuro: eu fiz minha parte!”

3. Gabriela Favarin. Arroio Trinta (SC). “DigitalMentes Brilhantes. Um salto entre o passado e o futuro. Unindo criatividade, tecnologia e comunicação”

📌 CATEGORIA 05 – ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO – COLEÇÃO SER E VIVER CIDADANIA, COLEÇÃO CIDADANIA, COLEÇÃO MEU AMBIENTE OU PROGRAMA INDICA:

1. Anderson Antonio Ferreira de Almeida. Santana de Parnaíba (SP). “Vidas Secas que permeiam as narrativas da nossa História”

2. Mislaine do Carmo Cardoso. Varginha (MG). “Empreendedorismo e sociobiodiversidade: criando conexões para o futuro”

3. Valdirene Rotava Tomazelli Chitolina. Xaxim (SC). “Independência do Brasil: ChatGPT e a escola”

📌 CATEGORIA 06 – AÇÕES COM FAMILIARES – COLEÇÃO FAMÍLIA PRESENTE E/OU COLEÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA E/OU ENCONTRO COM FAMILIARES:

1. Aline Araújo Martins. Campo Novo do Parecis (MT). “Vínculos que Transformam”

2. Fabiana Custódio da Silva. Santana de Parnaíba (SP). “Família e Escola em Diálogo: Reunião de pais como espaço formativo”

3. Marcela Miranda Cavassini Selegato. Andradas (MG). “Vozes que Cuidam: O Extraordinário de Ser e Fazer na Escola”

📌 CATEGORIA 07 – ESPECIALISTAS: ARTE, EDUCAÇÃO FÍSICA E LÍNGUA INGLESA – COLEÇÕES JOY, CAMINHOS E VIVÊNCIAS, SER E VIVER CIDADANIA OU ENGLISH PARTY:

1. Andrieli Julia Brambila. Macieira (SC). “Different and Proud: Calebrating who we are!”

2. César Augusto Cittadin Justus. Orleans (SC). “Ginástica Circense. O Circo na Escola”

3. Renata Larissa Tozin. Colombo (PR). “Equidade e Sustentabilidade”

📌 CATEGORIA 08 – GESTORES – DIRETORES ESCOLARES, COORDENADORES PEDAGÓGICOS OU SUPERVISORES PEDAGÓGICOS:  

1. Ariane Cristine do Nascimento Barreiros Mantuano. Santana de Parnaíba (SP). “Aprimorando práticas educacionais para um Ensino de Excelência”

2. Giselle Rocha Cirino de Almeida. Santana de Parnaíba (SP). Fortalencendo Laços: a importância da Parceria Escola e Família no Desenvolvimento Infantil”

3. Joana D’Ark da Silva Soares Mesquita. Aquiraz (CE). “EducAÇÃO Estratégica – Transformando Caminhos com Propósito”

📌 CATEGORIA 09 – SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – DIRETORES DE ENSINO, COORDENADORES DE ENSINO, GERENTES DE ENSINO, SUPERVISORES, COORDENADORES DE FORMAÇÃO, ARTICULADORES, ASSESSORES PEDAGÓGICOS OU SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO.

1. Patrícia de Souza Silva. Ivaiporã (PR). “Pequenos e Grandes Brincantes: Incentivando o Brincar Como Ferramenta de União Familiar”

2. Rosangela Alvarenga Morassutti. Arapongas (PR). “Projetos Brinquedos que contam História: integrando Tradição, Tecnologia e Sustentabilidade”

3. Valéria Nunes de Jesus. Astorga (PR). “Música que transforma – som, criatividade e sustentabilidade na Educação Infantil”

PNIPI: uma grande notícia para a Primeira Infância

Crédito das fotos: Getty Images.

Na última sexta-feira (05), representantes dos ministérios da Educação, Saúde, Direitos Humanos e Cidadania, Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e Gestão e da Inovação em Serviços Públicos publicaram a Portaria Interministerial Nº 225/2025, que instituiu o Plano de Ação Estratégico da Política Nacional Integrada da Primeira Infância (PNIPI)Decreto Nº 12.574/2025 –, com foco no biênio 2025-2026.

O PNIPI foi lançado no início do mês passado, durante as comemorações do “Agosto da Primeira Infância”, e promete ser um marco na proteção, desenvolvimento integral e pleno exercício dos direitos das crianças de 0 a 6 anos.

📌 Um cenário desafiador

Atualmente, o Brasil tem 18,1 milhões de crianças na faixa etária da Primeira Infância. Delas, segundo dados de uma pesquisa recente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 55,4% vivem em famílias de baixa renda e 60% nunca frequentaram creche ou pré-escola. E ainda há, ao menos, 670 mil crianças em situação de pobreza (cujas famílias têm renda per capita mensal de R$ 665,00) ou extrema pobreza (renda per capita de R$ 209,00).

📌 O que é o PNIPI?

É uma iniciativa de organização e coordenação de todos os setores do país relacionados à Primeira Infância para agir de forma mais efetiva pela proteção e promoção das crianças e seus direitos.

“O primeiro grande mérito da PNIPI é integrar, de forma coordenada e intersetorial, as políticas públicas voltadas às crianças em todos os níveis da gestão pública. Ou seja, todos os participantes do processo, do Ministério Público às secretarias municipais de Educação, vão discutir e caminhar na mesma direção pela infância”, explica Cliciane Élen Augusto, gerente pedagógica da Editora Opet. “E farão isso focando na saúde, educação, direitos humanos, cultura, justiça, assistência social, habitação e igualdade racial.”

Para que a iniciativa funcione, é essencial que os entes associados à infância – União, Estados, Municípios, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e instituições da Sociedade Civil – a percebam como o que ela é – uma política de Estado.

📌 Linhas de Trabalho

Entre os principais objetivos do PNIPI estão:

1) – Garantir políticas públicas integradas e inclusivas que assegurem o pleno desenvolvimento da primeira infância.

2) – Ampliar e qualificar a oferta de serviços essenciais, com foco em populações vulneráveis.

3) – Estruturar sistemas de coleta e análise de informações sobre a infância, respeitando a diversidade e as especificidades regionais.

4) – Apoiar Estados e Municípios na execução das políticas, fortalecendo a gestão local.

5) – Promover a articulação entre diferentes setores para a proteção integral das crianças.

📌 A Criança como pessoa e sujeito de direitos real

No Brasil, um conjunto robusto de leis – começando pela Constituição Federal de 1988 (Artigo 227) e passando pelo Artigo 02º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Lei Nº 13.257/2016, o Marco Legal da Primeira Infância – estabelece os contornos da infância.

“Essas leis situam a criança como sujeito de direitos, como cidadã, e isto é muito importante. O PNIPI veio para reforçar essa concepção e, também, para garantir que as políticas públicas se consolidem”, observa Cliciane. “Para que elas sejam estruturadas e que tenham sequência para atingir o currículo da escola e a prática pedagógica dos professores – para que estejam centradas e focadas no desenvolvimento dessa criança como protagonista.”

📌 O PNIPI e o trabalho da Editora Opet

Na avaliação da gerente pedagógica da Editora Opet, o PNIPI deve consolidar o trabalho desenvolvido pela Editora Opet na Educação Infantil. “Temos décadas de reflexão e de ações para o diálogo e a formação permanente dos professores, sempre alinhados à legislação educacional. E esse nosso trabalho começa pela valorização do profissional de Educação, algo em que o PNIPI também foca. E faz muito sentido: afinal, estamos falando em especialistas na fase mais crítica do desenvolvimento humano, que devem ter acesso a informações, reflexões e recursos.” Para isso, a Editora trabalha com estratégias pedagógicas e vivências usando os materiais didáticos para a Primeira Infância em uma abordagem de desenvolvimento integral.

📌 Uma oportunidade

Para Cliciane, o PNIPI também pode ser uma inspiração para os prefeitos. Isso porque ela tem um caráter intersetorial, e esta condição pode e deve ser levada para dentro da administração municipal. “É incrível dispor de um documento que auxilia tão fortemente no planejamento e que destaca a importância desse pensamento plural. Afinal, não existe apenas a ‘criança da creche’ ou a ‘criança da saúde’, mas uma criança que pede apoio integral e um investimento de longo prazo. Investir na Primeira Infância é investir em um futuro mais sólido e estruturado.

De “Asteroids” à defesa global: Terra x Asteroides Gigantes!

Afinal, a Terra está preparada para se defender do impacto de asteroides gigantes? Imagem: Freepik (com prompt).

Em 1979, no início da era dos videogames, a empresa Atari lançou o jogo “Asteroids”, um grande sucesso nos fliperamas de todo o mundo. A premissa era simples: operando uma pequena nave espacial, o jogador precisava destruir asteroides vindos de todos os lados antes que eles o abalroassem; vez, por outra, inclusive, podia ganhar um bônus ao acertar algum disco voador alienígena que se aventurasse por aquele quadrante espacial.

Para uma ciência mais “dura”, naves tripuladas capazes de mergulhar no espaço profundo e discos voadores ainda se situam nos limites da ficção. Asteroides, porém, são muito reais: estas rochas estão lá em cima, em uma vasta área situada entre Marte e Júpiter (o famoso “Cinturão de Asteroides”) e, vez por outra, saem do fluxo e chegam à Terra.

Tela do jogo “Asteroids” (1979). Gráficos simples, ideia interessante! Fonte: Wikipedia.

Nessa “escapada”, eles se convertem em meteoros – quando entram na atmosfera queimando e brilhando – e, se chegam à superfície, se convertem em meteoritos. O problema é que, por conta do tamanho, alguns desses meteoritos são potencialmente capazes de “abalroar” o nosso planeta – e ameaçar vida!

Ou seja, a ideia de se defender desse risco atacando, como no jogo, não é nada absurda. Nesta edição de #FuturoPresente, vamos mergulhar no espaço da ciência para saber como os cientistas estão trabalhando para proteger a Terra de um risco que é raro, mas muito real. Venha com a gente!

“Like a rolling stone”

Algumas linhas acima diferenciamos asteroides, meteoros e meteoritos para contar que estes últimos é que, eventualmente, podem representar risco à vida na Terra.

“Tudo bem, mas a gente não vê meteoritos todos os dias”, você pode observar. É verdade. Isso acontece porque a Terra é muito maior que os asteroides e, também, porque muito da “poeira” que chega à nossa atmosfera é, realmente, minúsculo. A quantidade, porém, não é desprezível: segundo os cientistas, todos os anos cerca de 50 mil toneladas de material vindo do espaço sideral entram na atmosfera terrestre, uma massa equivalente à de 330 baleias azuis (os maiores animais que vivem na Terra atualmente).

A baleia azul é o maior animal da Terra em nossa época. A quantidade de material espacial que cai na Terra todos os anos equivale à massa de 330 baleias azuis! Imagem: Freepik (com prompt).

Felizmente, essa “chuva” é formada principalmente por micrometeoritos – fragmentos de asteroides e de cometas com até 1 mm de diâmetro – que provocam interferências eletromagnéticas e até se chocam com satélites, mas não causam danos em estruturas localizadas na superfície do planeta. Esses bólidos, aliás, normalmente se queimam muito antes de tocar o solo.

A escala cósmica, porém, é muito ampla. Se, como vimos, há partículas minúsculas para o padrão humano, também existem “pedregulhos cósmicos” infinitamente maiores e potencialmente devastadores. Como o meteorito que extinguiu os dinossauros há 66 milhões de anos – ele tinha 10 km de diâmetro e pesava algo como 500 bilhões de toneladas!

O tamanho da “pedrada”

Em defesa do “muita calma nesta hora”, alguém poderia argumentar que o meteorito que destruiu os dinossauros tocou a superfície do planeta em um período de tempo muito recuado. É verdade (ainda bem!). Desde então, porém, a Terra foi atingida diversas vezes por asteroides importantes.

Os cientistas, aliás, até estabeleceram uma escala de tamanho-risco baseada nos casos documentados. Ela abrange micrometeoros (menos de 1 milímetro), meteoroides pequenos (de 1 milímetro a 10 metros de diâmetro), asteroides pequenos (de 10 metros a 100 metros), asteroides médios (de 100 metros a 1 km), asteroides grandes (de 1 km a 10 km) e asteroides gigantes (acima de 10 km).

O fato é que, a partir de 10 metros de diâmetro, já existe risco real de dano à vida. E por que isso acontece? Porque, além da massa, esses corpos celestes vencem a atmosfera com uma velocidade brutal, que pode variar entre 39.600 km/h e 252.000 km/h. Apenas para se ter uma ideia, o veículo humano mais veloz já construído, o avião a jato North American X-15, chegou a “míseros” 7.273 km/h, e uma bala de fuzil AR-15 chega a cerca de 3.300 km/h.

North American X-15, o avião mais rápido da história. Asteroides alcançam velocidades muito maiores! Fonte: Wikipedia.

Agora, some a massa dessas pedras do espaço às velocidades colossais que descrevemos acima e dirija o asteroide diretamente para a Terra. O que aconteceria assim que ele tocasse o solo ou a superfície do oceano? Uma transformação instantânea de energia cinética em onda de choque com calor (e/ou radiação), acompanhada de uma perturbação ambiental proporcional ao “tamanho da pedrada”!

Soam os alarmes! O caso de Tunguska

Um exemplo recente de “visitante barulhento” foi registrado há pouco mais de cem anos na região de Tunguska, na Sibéria. Lá, em 30 de junho de 1908, um meteorito ou fragmento de cometa explodiu no céu a cerca de 8 km de altura. Os cientistas acreditam que esse objeto tinha entre 40 e 200 metros de diâmetro e, ao desintegrar-se na atmosfera, gerou uma onda de choque equivalente à explosão de mil bombas atômicas semelhantes à de Hiroshima. Uma porção de floresta de 2.150 km quadrados foi totalmente destruída – a área é 25% maior que a da cidade de São Paulo!

Tunguska, local do choque do último “meteoro monstro” a se chocar com a Terra. Fonte: Wikipedia.

Felizmente, a região, extremamente fria, não era habitada de forma permanente por seres humanos, e o número de mortos (acreditam os pesquisadores) limitou-se a três.

Nasce a consciência sobre o problema

Ainda que a explosão de Tunguska tenha sido ouvida a mais de mil km de distância e percebida por estações sísmicas em toda a Europa, ela só entrou mesmo no radar da ciência nos anos 1920. Em 1927, uma expedição liderada pelo mineralogista russo Leonid Kulik chegou ao local e detectou as cicatrizes da explosão.

Árvores derrubadas e carbonizadas pelo impacto do corpo celeste em Tunguska. A foto é da expedição de Leonid Kulik (1927). Fonte: Wikipedia.

Os cientistas, é claro, tinham plena consciência do risco de eventos semelhantes em áreas mais povoadas. Na época, porém, a astronáutica ainda dava seus primeiros passos, e outras áreas, como a dos radares e a de uma astronomia “além das lentes”, era apenas um sonho.

“Joystick na mão”: a humanidade entra no jogo dos asteroides

O caminho até uma proteção efetiva contra asteroides potencialmente perigosos foi longo. Nas décadas que se seguiram aos anos 1920, o mundo viu uma guerra mundial que desenvolveu as tecnologias do foguete e do radar e, ainda, uma guerra fria que acelerou a Corrida Espacial, a evolução dos computadores e a internet.

Esses componentes – que se desdobram em tecnologias como GPS, materiais avançados, telescópios não digitais, comunicação em rede e inteligência artificial – permitiram construir um sistema de defesa em duas etapas. A primeira, de varredura do espaço em busca de corpos celestes e catalogação dos asteroides situados no cinturão entre Marte e Júpiter (de onde costumam vir as “pedradas”!); a segunda, formada por medidas práticas, intervencionistas, para o desvio dos asteroides ameaçadores.

Todo mundo olhando pro céu!

No jogo “Asteroids”, antes de atirar, o jogador virava sua nave para apontar os canhões. Antes, porém, ele detectava o perigo lá longe, vindo de um canto da tela. Na “caça” real aos asteroides o caminho é exatamente o mesmo. E começa pelo mapeamento e identificação dos riscos no espaço, feito por meio de sistemas de telescópios óticos e de raios infravermelhos financiados por universidades e governos. São quatro sistemas principais.

O primeiro é o Pan-STARRS (sigla, em inglês, para Sistema de Telescópios de Pesquisa Panorâmica e Resposta Rápida), formado por telescópios óticos associados a câmeras digitais que fotografam constantemente o céu. As imagens são comparadas por computadores superpotentes em busca de pontos de luz desconhecidos que se movem em meio aos pontos fixos (como planetas e estrelas). Esses pontos são validados por pesquisadores e, se forem, de fato, anômalos, passam a ser monitorados.

Observatório do Telescópio do Pan-STARRS no topo do monte Haleakala, no Havaí. Foto: Wikipedia.

O segundo sistema é o Catalina Sky Survey (CSS), da NASA, baseado no deserto do Arizona (EUA), que funciona nos mesmos moldes do Pan-STARRS.

O terceiro é o NEOWISE (sigla em inglês para “Telescópio Espacial de Exploração por Infravermelho de Campo Amplo de Objetos Próximos da Terra”), também da NASA, que parte de uma outra premissa: ao invés de varrer o céu com lentes, ele capta a radiação infravermelha que os asteroides emitem naturalmente para detectar a assinatura de calor dos corpos celestes. Mas, asteroides são quentes? Sim. Eles são aquecidos pelos raios solares e, mesmo sem brilhar, podem ser identificados, dimensionados e catalogados. Os que representam risco passam a ser monitorados.

Vídeo oficial, produzido pela NASA, sobre o Sistema NEOWISE. Fonte: Canal da NASA no Youtube.

Por fim, mas não menos importante, é o ATLAS (sigla em inglês para Sistema de Alerta de Impacto Terrestre de Asteroides), da Universidade do Havaí, formado por telescópios óticos instalados no Havaí, Chile e África do Sul. Eles buscam especificamente por objetos muito brilhantes. O brilho, nesse caso, é um indicativo potencial de proximidade – ou seja, de risco iminente – e reforça a necessidade de verificação.

Vídeo oficial do Projeto ATLAS. Fonte: Canal do Projeto ATLAS no Youtube.

Sinuca espacial

Perigo detectado, é hora de agir! Antes, porém, pausa para a imaginação: pense em uma mesa de bilhar muito longa. A bola branca está aqui e a bola 8, a última da sequência, está do outro lado. Sua missão é fazer com que ela caia na caçapa do canto à esquerda. Você apoia o taco, calcula a força, determina o ângulo de ataque e “Toc!”, dispara. E ela vai chegando, “tira uma casquinha” da bola 8 e a envia direto para a caçapa. Você ganhou a partida!

A”Caça aos meteoros” se assemelha… a uma partida de sinuca! Fonte: Canva (com prompt).

Ao voltar para a realidade, descobrimos que a abordagem dos cientistas é exatamente a mesma dos jogadores de sinuca, com a diferença de que, no caso espacial, a “bola 8” está em movimento. A missão, aqui, é impactar o asteroide e modificar sua velocidade em alguns centímetros por segundo, alterando ligeiramente sua órbita ao longo do tempo para que, anos depois, ele já não esteja mais no caminho de colisão com a Terra.

Centímetros por segundo? Anos depois? Isso mesmo! Na medida em que a métrica espacial é monumental – dependendo da época do ano, a distância entre a Terra e o Cinturão de Asteroides varia entre 180 milhões de km e 645 milhões de km –, pequenos ajustes feitos a uma distância suficiente geram desvios gigantescos.

Na teoria, tudo ótimo. Mas, e na prática? Melhor ainda! Tudo o que descrevemos foi devidamente planejado e testado. Estamos falando da Missão Dart (dardo, em inglês, sigla de Double Asteroid Redirection Test), da Nasa, que em 26 de setembro de 2022 realizou a façanha de impactar uma sonda em um asteroide, modificando seu padrão de movimento. O alvo da experiência foi um sistema formado por dois asteroides, Didymos e Dimorphos, que, vale reforçar, nunca representaram perigo à Terra.

Dimorphos, o asteroide impactado pela sonda Dart. Fonte: NASA.

Nesse sistema, Dimorphos, o asteroide menor, funciona como uma lua, orbitando Didymos. E ele foi o alvo da “tacada” da NASA, que acabou por modificar sua velocidade orbital em 32 minutos. Ou seja, a humanidade mostrou competência para alcançar e modificar objetos celestes distantes, o que significa que dispomos de um caminho para enfrentar possíveis ameaças.

Mas, ninguém destrói as “pedras” com mísseis nucleares? Sistemas assim até foram cogitados pelos cientistas (e também pelos cineastas, como em “Armageddon”, de 1998), mas não são considerados uma boa ideia. O receio é de que eles apenas trocassem um grande asteroide por uma chuva de asteroides menores – e, ainda por cima, radioativos!

Conclusão

Em tempos recentes, um novo recurso chegou para refinar a busca por asteroides perigosos. Se você pensou em Inteligência Artificial, acertou! Suas ferramentas têm uma enorme capacidade de percorrer bancos de dados, comparar informações e estabelecer um padrão de “opa, essa pedra é esquisita!” ao encontrar novidades no céu. Ou seja: há um aumento da segurança aqui, e uma demonstração cabal do poder do gênio humano.

Rondônia: Colorado do Oeste conquista prêmio nacional do MEC de qualidade na Educação

O Prêmio MEC – Educação Brasileira é um dos mais relevantes do Brasil. Fonte: MEC

Colorado do Oeste, parceiro da Editora Opet no extremo sul de Rondônia, acaba de receber o Prêmio MEC – 2025 da Educação Brasileira, concedido pelo Ministério da Educação para reconhecer as melhores estratégias e iniciativas públicas na busca pela qualidade. O município foi premiado, entre todos os municípios da Região Norte, na categoria “Melhores Resultados – Anos Iniciais” por registrar o maior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Além do troféu, Colorado do Oeste recebeu R$ 300 mil para investimentos em educação.

A secretária municipal de Educação de Colorado do Oeste, Elizangela Lima Oliveira, agradeceu à gestão municipal e à sua equipe pelos resultados que levaram à premiação. “Recebemos a notícia com muita alegria e orgulho. Foi uma grande surpresa, mas também uma confirmação de que estamos no caminho certo”, observa.

Professores e equipe de gestores de Colorado do Oeste, responsáveis por colocar o município na primeira posição do Ideb na Região Norte. Fonte: SME-CO.

“Ver nosso trabalho ser valorizado em nível nacional, especialmente pelo MEC, nos enche de gratidão e responsabilidade. Essa premiação é de cada educador, servidor, aluno e família que acredita e colabora com a educação no nosso município.”

Força da Educação – Com 44 anos de fundação e cerca de 19 mil habitantes, Colorado do Oeste oferece os Anos Iniciais do Ensino Fundamental em oito escolas da rede municipal de ensino. Para os Anos Iniciais, o Ideb da rede municipal chegou a 6,6 em 2023, marcando uma evolução de quase 12% em relação à avaliação anterior, de 2021. A nota é 0,4 maior que o projetado pelo MEC para o município no ano de 2021.

“O MEC reconheceu o desempenho de Colorado do Oeste com base nos resultados de aprendizagem dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, especialmente no que diz respeito ao avanço na proficiência em Língua Portuguesa e Matemática, explica a secretária Elizangela.

Isso mostra que nosso trabalho tem sido eficaz e comprometido com a equidade e a qualidade. Com isso, é possível transformar a educação pública e garantir melhores oportunidades para nossas crianças”. Ela destaca o apoio do Tribunal de Contas de Rondônia na implantação do Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC, que contribuiu para os avanços na alfabetização.

“A premiação que recebemos é uma conquista, mas também um ponto de partida para novos desafios. Queremos avançar não apenas em indicadores como o Ideb, mas, principalmente, na aprendizagem real dos nossos estudantes, que é o que mais importa”, ressalta. “Trabalhamos para consolidar uma rede que aprende continuamente, que avalia seus resultados com seriedade e que coloca o aluno no centro do processo. Temos um compromisso com a equidade, com o acesso, a permanência e o sucesso de todos.”

Parceria – O município de Colorado do Oeste mantém uma parceria com a Editora Opet (Sefe) para o fornecimento dos materiais didáticos, formações e assessoria pedagógica na Educação Infantil. A parceria com a Editora Opet, que se iniciou há quatro anos, tem sido fundamental para fortalecer a base da nossa educação”, avalia a secretária.

As formações pedagógicas são um momento essencial da parceria entre a Editora Opet e Colorado do Oeste. Fonte: SME-CO.

“Sabemos que essa etapa é decisiva para o sucesso da alfabetização e para o desempenho futuro dos nossos alunos. Uma Educação Infantil bem feita prepara as crianças para aprender, conviver e se desenvolver plenamente. Por isso, acredito, sim, que o trabalho desenvolvido com a Editora Opet tem uma conexão direta com os resultados que levaram à premiação do nosso município.”

Foco e responsabilidade – A gerente pedagógica da Editora Opet, Cliciane Élen Augusto, destaca o valor representado pelo Prêmio MEC da Educação Brasileira. “É um prêmio muito importante, que examina os indicadores da educação com seriedade e critérios rigorosos. No caso de Colorado do Oeste, ele veio para chancelar todo um trabalho desenvolvido com planejamento e compromisso com a aprendizagem e com a comunidade”, observa. “Ficamos imensamente felizes com o resultado! E também nos sentimos premiados pela parceria e pela confiança do município.”

História e consciência: os livros mais recentes sobre a Independência do Brasil!

Autodeterminação, soberania, nação, relações com outros países. Nos últimos meses, essas palavras vêm aparecendo diariamente nos noticiários do Brasil e do mundo. É necessário compreendê-las e ir além do lugar comum, refletir criticamente e, principalmente, buscar perceber de fato quem somos, como nos colocamos no mundo e o que queremos.

Neste domingo, 07, celebramos 203 anos de independência de Portugal; são 203 anos de país – um dos maiores do mundo, vibrante e democrático! –, com todos os desafios que esta notável condição implica.

Pensando bem, não há data melhor para pensar em quem somos, como chegamos até aqui e quais nossas perspectivas de futuro como sociedade e como nação.

Mas, por onde começar? Nossa sugestão, totalmente no espírito da ocasião, é voltar os olhos aos livros que examinam a Independência. Obras que mostram, em primeiro lugar, o quão rica e instigante é a História do nosso país, e como ela se comunica com quem somos atualmente. Neste breve artigo, vamos abordar algumas dessas obras, que se destacam pela qualidade da pesquisa e do texto. Com um diferencial que foge às resenhas habituais: vamos tratar de produções recentes, de até 3 anos, que se somam à já vasta e rica biblioteca da Independência.

Assim sendo, aos livros!

2022

“Independência do Brasil”, de João Paulo Pimenta (160 p.). Editora Contexto.

Você certamente já ouviu muitas histórias – pelo menos, algumas – a respeito da Independência. Como a do famoso “Grito da Independência”, de D. Pedro I, que nos transformou de colônia em Estado. Mas, será que todas essas histórias aconteceram assim mesmo? Será que aconteceram de verdade? Quem as contou primeiro? E quem ficou fora do discurso? Em “Independência do Brasil”, Pimenta (professor da USP) traz uma história do Brasil nos idos de 1822 com um olhar mais amplo, voltado às pessoas – célebres e anônimas – e aos lugares – centrais e periféricos – que estavam ali. Você já pensou, por exemplo, em como era a sua cidade naquele momento e como a população ficou sabendo da Independência? É disso que trata o livro – instigante!

2023

“Memórias da Independência”, de Maria Borrego e Paulo César Garcez Marins (Editores). Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), 200 páginas.

Lançada pela Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), a obra de 200 páginas traz textos de 16 pesquisadores do Museu do Ipiranga, na cidade de São Paulo, com foco nos ciclos temporais e nas comemorações que se sucederam à Independência e à criação do Estado Brasileiro: 1822, 1872 (50 anos), 1922 (centenário), 1972 (150 anos) e 2022 (bicentenário). Como foram as comemorações em cada um desses anos? Quais foram as produções? Como elas representaram a própria Independência e como refletiram o país do momento da comemoração? Tomemos um exemplo: qual a sua lembrança dos 200 anos da Independência, em 2022? Como estava o país naquele momento? E quais foram as produções dessa celebração? Uma abordagem interessantíssima, que traz o leitor mais perto do momento da “Independência ou Morte!”.

2024

“Bahia, 2 de julho: uma guerra pela Independência do Brasil”, Maria das Graças de Andrade Leal, Virgínia Queiroz Barreto e Avanete Pereira Sousa (Orgs.). EduneB/Mwana, 558 p.

Este e-book, publicado em 2024 pela Editora da Universidade do Estado da Bahia (EDUNEB) em parceria com a Mwana Produções, traz 14 textos de pesquisadores brasileiros e canadenses focados não no 7 de setembro de 1822 em São Paulo, mas no 2 de julho de 1823 na Bahia – data que marca a expulsão das últimas tropas portuguesas do território brasileiro. Um tema instigante e ainda desconhecido de muitos brasileiros, que se desdobra em aspectos como os da economia, cultura, celebrações locais, escravização, religiosidade e o papel de mulheres-chave na Independência, como Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa.

2025

“Visões pernambucanas sobre a independência e o Império: Joaquim Nabuco, Oliveira Lima, Gilberto Freyre e Evaldo Cabral de Mello”, de André Heráclio do Rêgo (Organizador). Senado Federal, 195 p.

Neste volume digital recém-lançado pelo Conselho Editorial do Senado Federal, o organizador André Heráclio do Rêgo traz as vozes de quatro pensadores da maior importância para a compreensão do país e de sua história, com um diferencial: todos são pernambucanos, naturais de uma região fundamental para a Independência, e trazem argumentos extremamente válidos para a construção de uma visão ampla sobre o nosso país.

Boa leitura – e feliz Dia da Independência!

Fronteiras da IA: por dentro do Aeneas, o “leitor de textos invisíveis” do Google

Panteão, edifício romano do século I encomendado por Marco Agripa durante o reinado do imperador Augusto. Foto: Getty Images.

Feche os olhos e viaje conosco para Roma, Londres, Paris, Zurique, Lyon ou Mérida – uma cidade de origem romana, repleta de edifícios, antigas ruínas e muita história. Você está andando por uma rua estreita quando, de repente, dá de cara com uma placa de mármore coberta de texto.

Em nosso exercício de imaginação, somos capazes de ler aquela inscrição em latim de centenas de anos – que maravilha! Só que há um pequeno problema: a placa está quebrada e mostra apenas umas poucas letras, o que impede sua compreensão. Sem a mensagem, seria o fim da viagem?

No que depender das tecnologias mais recentes, não! Nesta edição de #FuturoPresente, vamos falar do Aeneas (Eneias): o primeiro modelo de Inteligência Artificial (IA), desenvolvido pelo Google em parceria com universidades europeias, capaz de “ler” as partes desaparecidas de antigas inscrições.

“Mas, como isso é possível? É leitura mesmo ou é ‘chute’?”, você pode perguntar. Então, venha conosco para descobrir como funciona o Aeneas e conhecer os limites desta tecnologia que promete revelar literalmente o “invisível” com o uso de matemática, estatística e acesso a documentos antigos e bancos de informações. A viagem de verdade começa agora!

Um antigo sonho prestes a ser realizado?

O primeiro sistema de escrita nasceu há cerca de 5.300 anos na Mesopotâmia, entre os sumérios. Nos séculos seguintes surgiram outros sistemas no Egito, China, Grécia e entre as antigas culturas mesoamericanas. Com o uso de um código que podia ser ensinado e replicado, essas civilizações conseguiam estruturar a economia, a administração pública, a justiça, a religião e até uma ciência empírica; também contavam histórias e registravam sua visão de mundo, sonhos, receios e esperanças.

Um processo que seguiu pelos milênios e chegou até nós trazendo consigo a filosofia, o direito, a ciência e a tecnologia. Nessa larga jornada, muitos documentos se perderam totalmente, consumidos pelo próprio tempo ou, então, intencionalmente destruídos, como nos incêndios e autos de fé que, ao longo da História, marcaram momentos ruins da humanidade.

Muitos escritos, porém, sobreviveram, e outros tantos permaneceram entre nós, mas com lacunas – uma página faltando aqui, um buraco no papiro ali, uma parte da lousa de pedra ou cerâmica que sumiu. E são justamente esses documentos – que podem enriquecer muito a nossa compreensão do passado –, o objeto de interesse do Aeneas.

Fragmento de um diploma militar em bronze emitido pelo imperador Trajano (séc. I) para um marinheiro de uma nave de guerra romana. A peça é originária da Sardenha. O texto faltante foi reconstituído por epigrafistas. Fonte: The Metropolitan Museum of Art.

Antes de seguir em frente…

Vale observar que, ao menos neste momento, o Aeneas trabalha exclusivamente com inscrições latinas. Seu nome, aliás, sinaliza isso: Aeneas é Eneias, herói troiano derrotado por Aquiles na Guerra de Troia que é apresentado na “Eneida”, de Virgílio, como ancestral de Rômulo e Remo, os fundadores de Roma. Além disso, o Google oferece um segundo modelo, batizado como “Ithaca” (Ítaca, terra natal de Ulisses, herói grego da “Ilíada” e da “Odisseia”), para a leitura de textos em grego.

Por que esses dois idiomas e não o chinês, por exemplo? A escolha se justifica porque ambos os sistemas de escrita deixaram uma quantidade impressionante de documentos em papiro, pergaminho e pedra – apenas para se ter uma ideia, a cada ano, em média, são descobertas cerca de 1.500 inscrições latinas nos antigos territórios do Império Romano!

Mapa com a localização das epigrafias latinas registrada pela base de dados Clauss/Slaby, incorporada ao Aeneas. Fonte: Universidad Católica de Eichstätt-Ingolstadt (Alemanha).

Esses textos, especialmente nos últimos trezentos anos, vêm sendo cuidadosamente estudados e catalogados, gerando dados de pesquisa muito sólidos. Esses dados, por sua vez, funcionam como “norteadores” da IA, uma vez que é a partir deles que ela vai construir suas próprias conclusões.

No futuro, nada impede que outras civilizações que também deixaram vastos acervos escritos, como a chinesa, a egípcia e a babilônica, sejam incorporadas ao Aeneas ou, então, virem objeto de modelos de IA específicos. Seria algo espetacular!

Buscando “match” nos bancos de dados

A “magia” do processo pode ser resumida em um termo que aparece logo na abertura do texto de apresentação do Google para o Aeneas: contextualização. A palavra contextualizar vem do verbo latino “contexere”, que significa entrançar, tecer junto ou conectar.

No caso da ferramenta de IA, ela se associa a aproximar e buscar pontos de conexão entre a peça examinada – a imagem de um fragmento de lousa tumular, por exemplo – e milhares de documentos associados à civilização romana.

Entre os pontos de conexão estão as palavras escolhidas, a forma de organização das palavras nas frases (sintaxe) e a proximidade geográfica e cronológica entre o texto investigado e os textos de referência.

Teatro romano de Mérida, Extremadura, Espanha. Fonte: Wikipedia.

Em ombros de gigantes

A bem da verdade, esse processo não é novo: ele é usado desde o século XVIII por epigrafistas – especialistas em escritas antigas – para supor com maior precisão quais seriam os textos faltantes e também elementos como a origem geográfica e cronológica de um dado documento.

Acontece, porém, que esse método, para ser realmente científico, demanda muito conhecimento e uma quantidade enorme de contextualizações – consulta a textos semelhantes, consideração de aspectos específicos da escrita na época e na região do achado etc. Um trabalho gigantesco que acaba revelando informações importantes, porém sempre em pequenas quantidades e com a possibilidade (ainda que remota) de erros.

Uma super-contextualização

E é aí que reside o diferencial do Aeneas: com os recursos de uma IA especificamente treinada para a epigrafia e com acesso a bancos de dados altamente especializados, os resultados vêm à tona em uma velocidade infinitamente maior e, em muitos casos, com ainda mais precisão.

Uma super-contextualização, enfim, que caminha para a perfeição quando o próprio epigrafista calibra os parâmetros de pesquisa da ferramenta e examina os resultados finais propostos pela máquina.

Diagrama da arquitetura do Aeneas mostrando como o modelo de IA usa informações de texto e imagem para gerar a provínicia romana de origem, o período de produção e as letras/palavras faltantes. Fonte: Aeneas/Google.

Organizando as letras

Se, por um lado, o Aeneas nasceu com a força da matemática aplicada às ferramentas de IA do Google, por outro ele só é possível graças à digitalização de bancos de dados construídos ao longo de décadas por pesquisadores humanos, como as bases de dados de pesquisadores de Roma, Heidelberg, Ingolstadt (Alemanha) e Zurique.

Esses dados foram compilados, organizados e normatizados para gerar um super-banco denominado Latin Epigraphic Dataset (LED), que reúne nada menos do que 176 mil inscrições coletadas por arqueólogos e epigrafistas em várias partes do antigo Império Romano. Essas inscrições e outras, incorporadas quase que diariamente, formam os “fios” da contextualização da máquina (tipo de documento; formato do texto; época da inscrição; local da inscrição; etc.).

Na província certa, no tempo certo!

Ao examinar inscrições danificadas, o Eneias é capaz de restaurar trechos perdidos de até dez caracteres com uma precisão de 73%, considerada muito alta. Essa precisão cai para 58% quando o número de caracteres perdidos é maior, um percentual ainda visto como excepcional pelos pesquisadores. Lembrando que, em um estudo como esse, uma única palavra recuperada pode ser uma chave que leva a outras descobertas!

Além de “reviver” as palavras, o modelo apresenta os caminhos que o levaram à sua conclusão. E, quando alimentado com dados visuais – uma foto da epígrafe em estudo – é capaz de atribuir sua localização em uma das 62 províncias romanas com uma precisão de 72% (lembrando que, em seu período de máxima expansão, o Império Romano chegou a ter cinco milhões de quilômetros quadrados, uma área maior que a da Comunidade Europeia). Quanto à datação de um texto, a margem de erro é de apenas 13 anos, considerada excelente para uma civilização que chegou a mais de mil e quinhentos anos.

Validando o “Divino Augusto”

O Aeneas foi colocado à prova ao analisar um texto famoso e muito conhecido dos epigrafistas, arqueólogos e historiadores: o “Res Gestae Divi Augusti” ­– “Os Atos do Divino Augusto”, registro em primeira pessoa feita pelo primeiro imperador romano, Augusto (63 a.C. – 19 d.C.), do qual restam vários fragmentos gravados em pedra distribuídos por várias regiões.

Ilustração de um dos painéis do “Res Gestae Divi Augusti” encontrado na atual Turquia. Fonte: Wikipedia.

Convidado a datar esses registros com base nos mecanismos de contextualização, o modelo de IA os situou entre o final do primeiro século a.C. e os primeiros anos da Era Cristã – e, de quebra, apontou diferenças na grafia dos fragmentos. Ao chegar a essa conclusão, validou e foi validado pelas conclusões dos melhores pesquisadores do campo!

Outro exemplo: ao analisar sem dados prévios o texto do chamado “Altar Votivo de Mogúncia”, monumento localizado em Mainz, na Alemanha, o Aeneas sugeriu uma data para a inscrição – o ano de 211 d.C., que bate totalmente com a datação oficial. Além disso, também identificou conexões linguísticas com outras epígrafes encontradas na mesma região, o que permitiu que o sistema também localizasse a inscrição no espaço geográfico com total precisão.

Conclusão: expansões, limites e outras possibilidades

Podemos afirmar que o sucesso de modelos de IA como o Aeneas parte de uma grande premissa: a da colaboração entre os pesquisadores. É ela que alimenta o sistema de informações e que, na interação constante com a máquina, possibilita o aprendizado, a construção de vieses e o refinamento das respostas.

A mesma colaboração que está fazendo com que seja possível pensar na expansão do Aeneas para suportes recentes da escrita latina, como pergaminhos medievais, peças religiosas e obras de arte. E, é claro, em outros modelos capazes de oferecer serviços semelhantes em relação a epígrafes chinesas, egípcias, etruscas, babilônicas e maias, por exemplo.

Em relação aos limites, eles são os aplicáveis às ferramentas atuais de IA: elas requerem, acima de tudo, validação humana, e não devem ter suas conclusões tomadas como a “resposta exata absoluta”. Como ferramentas auxiliares de pesquisadores humanos, esses modelos prometem ampliar e enriquecer muito as possibilidades de trabalho.

Em síntese: conectando um passado remoto e um presente futurista, estamos mais perto da leitura das “inscrições invisíveis” – isto é extraordinário!

P.S.: Há algum tempo, dentro da série #FuturoPresente, publicamos um artigo que tratou do “Desafio do Vesúvio” (“Vesuvius Challenge”), competição criada para desafiar pesquisadores a acessarem os conteúdos dos frágeis papiros carbonizados encontrados em Herculano (cidade destruída durante a erupção do Vesúvio no ano de 79 d.C.), usando ferramentas de tomografia digital e de IA. Os resultados são excepcionais! Assim, vale a pena conferir!

Para ir mais longe – links interessantes:

Aeneas transforms how historians connect the past” (“Aeneas transforma a forma como os historiadores se conectam ao passado”) – Google. Em inglês.

“Contextualizing ancient texts with generative neural networks” (“Contextualizando antigos textos com redes neurais generativas”) – Revista “Nature”. Em inglês.

#FuturoPresente: quando a tecnologia imita a magia: cientistas buscam o “manto da invisibilidade”!

Com a ciência, o sonho da invisibilidade está mais próximo. Fonte: Getty Images.

Você com certeza já ouviu falar na história do “manto da invisibilidade”, aquela peça mágica que, quando vestida ou colocada na cabeça, faz a pessoa desaparecer. Ela é um recurso de poder comum em jogos eletrônicos do gênero “Espada e Magia”, baseados no RPG, e apareceu até nos livros e filmes de Harry Potter. Também está no folclore celta e germânico e, provavelmente, se baseia em uma história ainda mais antiga, a do “Elmo de Hades”, do mito grego de Perseu.

O “Elmo de Hades”, de Perseu, é parte do mito mais antigo sobre invisibilidade. Fonte: Getty Images.

E ela apenas demonstra um antigo desejo: há milhares de anos sonhamos com a invisibilidade prática, capaz de nos colocar mais perto de uma presa, criar uma vantagem definitiva sobre um inimigo ou livrar-nos de uma situação de perigo. Entrar e sair de um lugar sem ser visto, enfim, com tudo de bom que isto implica!

As técnicas tradicionais de camuflagem, à sua maneira, são um método de invisibilidade. Da mesma forma, as tecnologias “stealth” que, nas últimas décadas, tornam aviões imperceptíveis aos sinais de radar – este “olho eletromagnético” que vê o que não vemos.

Bombardeiro B-2 Stealth. Formato do avião “dissipa” as ondas re radar, tornando-o invisível. Fonte: Getty Images.

Nesta edição de #FuturoPresente, não vamos falar nem de camuflagem clássica, nem de radar. Em um clima “mitotecnológico” – ou seja, de resgate de um sonho antigo usando tecnologia de ponta –, vamos investigar o que há de mais recente em relação às capas de invisibilidade. E você vem com a gente – mas, não vale desaparecer no meio do caminho!

Os desafios do processo

A ideia do “manto de invisibilidade” é simplesmente genial: você veste ou cobre a cabeça com ele e “plim!”, some do campo visual alheio. Se ficar bem quietinho, pode até sair de fininho de cena sem ser percebido.

O problema, aqui, reside justamente nesse “plim!”, que é a tecnologia capaz de redirecionar ou distorcer a trajetória da luz ao redor do objeto (como a água de um rio contornando uma pedra), fazendo-o “desaparecer”. E é justamente nisso que os cientistas estão mirando.

Aqui, é interessante esclarecer: as tecnologias de invisibilidade em estudo não alteram a matéria em si (o objeto ou o ser continua fisicamente presente), mas manipulam a percepção que se tem dela. Por meio da tecnologia, o objetivo é enganar os sentidos – especialmente, a visão – e até mascarar assinaturas térmicas deixadas por seres vivos de sangue quente. Um truque de alta magia, digo, de alta tecnologia! Que envolve a Física, a Química e a Eletrônica.

Sem “Predador” nesta hora…

Antes de seguir em frente, vale observar que, ao menos neste momento, não há uma tecnologia de invisibilidade 100% eficaz, ou seja, capaz de ocultar de fato e por tempo suficiente, mesmo com o “portador da capa” se movendo. Nada parecido, por exemplo, com o que vemos em filmes como os da série “Predador”. No momento, o único jeito de estar invisível de verdade é “não estar lá”! Brincadeiras à parte, o fato é que os desafios são gigantescos porque envolvem materiais, energia e escala de aplicação – mas, a coisa está caminhando.

A Quimera invisível

Um dos projetos aparentemente mais promissores – e o uso do “aparentemente”, aqui, não é gratuito, uma vez que toda a tecnologia é cercada de mistérios por seu possível uso militar – é o chamado Chimera, desenvolvido por pesquisadores das universidades chinesas de Jilin e Tsinghua. O nome do projeto remete à Quimera, criatura híbrida da mitologia grega (uma soma de leão, cabra e serpente), simbolizando a fusão de diferentes tecnologias.

E o projeto vai exatamente por aí, baseando-se em características de três animais – o camaleão, a rã-de-vidro e o lagarto dragão-barbudo – para “dobrar a luz” e produzir um material de camuflagem dinâmica, que os chineses chamam de “metassuperfície” capaz de adaptar-se em tempo real para pessoas e veículos em movimento. Uma metassuperfície, vale explicar, é uma superfície inteligente que combina nanoestruturas e eletrônica para controlar múltiplos tipos de onda simultaneamente. O “tecido maravilha” promete ser indetectável à luz visível, às micro-ondas e aos raios infravermelhos.

Capacidade de mimetismo do camaleão é uma das fontes de inspiração do Projeto Chimera. Fonte: Getty Images.

Cada bicho forneceu um tipo de inspiração: o camaleão, a capacidade de mudar de cor e “misturar-se ao ambiente”; a rã-de-vidro, a transparência; e o lagarto dragão-barbudo, o poder de regular a própria temperatura e apagar a “pegada térmica” em aparelhos medidores.

Na natureza, todos esses processos super especializados parecem “simples”, mas, em laboratório, os pesquisadores precisaram se desdobrar para encontrar tecnologias eletrônicas capazes de reproduzi-los.

O protótipo apresentado ao público, no início do ano passado, mostrou um tecido formado por várias camadas de plástico PET (tereftalato de polietileno – o mesmo das garrafas de refrigerante!) entre as quais estavam embutidos circuitos eletrônicos e vidro de quartzo (feito de dióxido de silício – SiO2 – puro). Os circuitos produzem e conduzem ondas eletromagnéticas pelos cristais de vidro de quartzo gerando uma superfície “intocável” pela luz, micro-ondas e raios infravermelhos.

Esquema de funcionamento da “metassuperfície” invisível apresentada pelos cientistas chineses do Projeto Quimera. Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences (2024).

O desafio do projeto, agora, é passar da fase de protótipo para a de produção em escala. Para chegar lá, porém, ainda vai um tempo: como se trata de um material de uso essencialmente militar, é necessário garantir total funcionalidade (imagine se o tecido “para de funcionar” no meio de uma missão!), valor sustentável e capacidade de entrega.

Outras abordagens

Por suas características, o projeto Chimera se situa na vanguarda das pesquisas sobre invisibilidade. Ele produz o que os cientistas denominam “metamaterial de camuflagem dinâmica”, um material-matriz que comporta diferentes funcionalidades de invisibilidade e é capaz de se adaptar às mudanças do cenário. Para isso, usa e abusa de eletrônica embarcada – os circuitos embutidos nas camadas de PET.

Há, porém, outras linhas de pesquisa. Elas são mais antigas e tecnicamente mais limitadas (ainda que super-avançadas), mas podem vir a fazer parte, no futuro, de uma grande convergência para a camuflagem dinâmica. Vamos citar duas delas.

A primeira é a dos metamateriais tradicionais, que usam estruturas microscópicas artificiais para desviar as ondas luminosas – um pouco como a tecnologia Stealth em aviões, que usa superfícies angulares e materiais absorventes para redirecionar ou “cancelar” ondas de radar (o termo “metamaterial”, em termos simples, indica um material cujas propriedades são 100% artificiais).

A segunda é a da chamada “ótica transformacional”, que trabalha com materiais artificiais que possuem índices de refração negativos que fazem a luz se curvar em direções “impossíveis”, como se contornasse o objeto e o apagasse do campo visual. O principal expoente dessa linha de investigação é a chamada “capa de invisibilidade de micro-ondas”, desenvolvida por pesquisadores da universidade de Duke (Estados Unidos) em 2006 e aprimorada nos anos seguintes.

Conclusão: a invisibilidade vem aí. E o que vamos fazer com ela?

“Decalcomanie” (1966), de René Maigritte. Uma possível tecnologia de invisibilidade evoca mitos antigos e traz desafios éticos reais. Fonte: WikiArt.org.

Mais uma vez, a grande questão que se coloca é ética. De modo geral, materiais invisíveis são pensados e até têm suas pesquisas financiadas por sua aplicabilidade militar. De fato, transformar soldados e artefatos de guerra em elementos 100% invisíveis gera uma vantagem definitiva, que até implicaria o desenvolvimento de outras tecnologias para “ver o invisível”. E isso é algo com que os países, em seus esforços diplomáticos e pela paz global, devem lidar.

Tecnologias militares, porém, muitas vezes geram aplicações que podem ser extremamente úteis na vida das pessoas comuns. Pense, por exemplo, em tecnologias como a dos fornos de microondas e da internet, que saltaram de programas militares para o dia-a-dia. E há outras mais!

Mas, como a invisibilidade chegaria à sua e à minha vida? Excelente pergunta: os cientistas afirmam que essa tecnologia poderia ser levada, por exemplo, ao monitoramento de ambientes selvagens gerando menor interação com os animais e, consequentemente, menos estresse. Ela poderia ser levada, também, para a área médica, no desenvolvimento de aparelhos auditivos invisíveis – garantindo mais conforto aos usuários.

E é bem possível que também tenhamos ganhos indiretos, gerados pelas tecnologias desenvolvidas ao longo do processo de criação da tecnologia principal.

Nos próximos anos, certamente teremos novidades. E talvez consigamos realizar, enfim, o antigo sonho do “manto da invisibilidade”. Que seja com a responsabilidade necessária!

Isto é #FuturoPresente: porque a ciência e a tecnologia começam na escola!