TDAH, escola e aprendizagem

Hiperatividade e dificuldades de aprendizagem: este é um tema muito comum para profissionais que atuam na educação. Pois ele faz parte da tríade de sintomas que caracterizam o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mais conhecido como TDAH. 

Mas, afinal, todo portador de TDAH é hiperativo? Crianças com esse transtorno possuem mesmo dificuldade para aprender? É isso que vamos entender a seguir! 

TDAH não é dificuldade de aprendizagem 

Em uma síntese, o TDAH é um transtorno que envolve sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. No entanto, ele não tem a ver com falta de inteligência. Até pelo contrário: muitas crianças que têm o transtorno costumam possuir excelentes habilidades.

Mas, por que muitas vezes o TDAH é associado a dificuldades de aprendizagem? Bom, há duas explicações principais. 

No primeiro caso, apesar de o estudante não ter nenhuma alteração cerebral que prejudique a retenção do conteúdo, a dificuldade em prestar atenção gera um baixo desempenho nos componentes curriculares. 

Outro caso bem comum é o TDAH ter comorbidade com outro transtorno, este, sim, de aprendizagem. É frequente, por exemplo, que muitas pessoas tenham também dislexia ou discalculia associada à condição. Nesses casos haverá, sim, prejuízos na aprendizagem, mas não por causa do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. 

Mas, antes de entender como se dão as dificuldades de aprendizagem, é preciso saber quais são os sintomas e a origem delas. 

O que é TDAH e quais são os seus sintomas? 

O sintoma-chave do TDAH, diferente do que muitas pessoas imaginam, não é a hiperatividade. Como diz a Dra. Ana Beatriz Barbosa em seu livro “Mentes Inquietas”, a condição sine qua non para o diagnóstico do TDAH é a desatenção.

Inclusive, aqui, precisamos fazer um adendo, pois, conforme a própria Ana afirma, o termo desatenção pode ser substituído por instabilidade de atenção. E, com isso, derrubamos outro mito sobre o transtorno: o de que pessoas com TDAH não conseguem prestar atenção. 

Pessoas com TDAH são capazes de manter o foco 

Na verdade, o que ocorre é que pessoas com o transtorno não conseguem prestar atenção em coisas de que não gostam ou pelas quais não têm interesse. Por outro lado, conseguem hiperfocar naquilo que desperta interesse e paixão.

É justamente por causa dessa oscilação da atenção que, muitas vezes, as crianças com TDAH costumam ser mal interpretadas. 

Quem nunca ouviu o pai, a mãe ou outro responsável falar que a criança não tem problema com foco e concentração, pois, quando ela está no videogame, desmontando e montando objetos ou realizando determinada atividade, ela se concentra de tal forma que os adultos até esquecem da sua presença? 

Pois é! Em virtude dessa “atenção seletiva”, a criança passa a ser vista como rebelde, malcomportada, etc.

Mas, isso tem uma explicação. Tem a ver com a forma do cérebro dessa criança processar as informações. Veja abaixo como funciona o cérebro de uma pessoa com TDAH.

Alteração cerebral no TDAH

O córtex pré-frontal é a região do nosso cérebro responsável por regular a atividade cerebral. Acontece que, nas pessoas com TDAH, essa área não filtra as informações tão bem. Entenda-se como “informações” todo tipo de estímulo externo: barulhos, conversas, imagens e textos, entre outros.

Por causa disso, a quantidade e a velocidade de pensamentos são bem maiores do que em pessoas que não possuem o transtorno. O que dificulta, portanto, a concentração, já que em pouco tempo a mente da criança vai para outro “lugar”.

Isso explica a desatenção, mas ainda não explica a atenção direcionada apenas para algumas atividades, não é mesmo? 

TDAH e o hiperfoco

A região cerebral que citamos acima, além de filtrar as informações, também é responsável pelo controle da motivação, dos impulsos, da parte motora, da atenção, da capacidade de planejamento e do prazer. 

Tal região é regulada pela dopamina, o principal neurotransmissor afetado no TDAH. Basicamente, há pouca dopamina nesse cérebro e, por isso, o indivíduo vai em busca de atividades que despertam seu interesse. Elas são capazes de estimular a dopamina que lhe falta. 

Então, é por isso que ocorre o hiperfoco em atividades de que as crianças gostam. Tais atividades ativam o seu sistema dopaminérgico, fazendo com que elas se sintam motivadas a manter o foco por horas. 

Agora que já entendemos o fundamento do TDAH, perguntamos: onde entra a hiperatividade? 

Hiperatividade, Impulsividade e o TDAH

Apesar de nem sempre estar presentes, a hiperatividade e a impulsividade são outros dois sintomas bem comuns nesse transtorno. 

A hiperatividade é manifestada pela inquietação motora. A criança não consegue ficar parada, há uma grande necessidade de se mexer, seja correndo para todos os lados ou apenas movimentando continuamente uma perna. 

A impulsividade, por sua vez, é a dificuldade em esperar, seja em uma fila, a vez para falar ou para ter algo prazeroso.

Assim como a baixa disponibilidade de dopamina faz com que a criança não consiga se concentrar em atividades pouco estimulantes, também faz com que os controles motor e de impulso estejam diminuídos. 

Dificuldades de aprendizagem em crianças hiperativas, como resolver?  

Como resultado da hiperatividade, as crianças tendem a não ficar sentadas e acabam deixando de realizar as atividades ou ouvir as orientações do docente. 

Nesse caso, o professor pode optar por trabalhar com projetos que envolvam movimentos. Pode ser teatro, dança, horta, brincadeiras educativas e gamificadas, entre outros. 

Como driblar a desatenção de crianças com TDAH 

Os recursos citados também podem ser boas opções para driblar a desatenção. Normalmente, esse sintoma faz com que a criança perca “pedaços” da explicação, se deixe levar por qualquer estímulo externo e não consiga finalizar as lições. 

Como as atividades descritas acima demandam engajamento, envolvimento e imersão dos envolvidos, é quase certo que vão manter os estudantes focados. 

E, que tal propor jogos on-line e projetos que envolvam o uso de ferramentas digitais no computador? Isso também ajudará a manter a atenção dos educandos. 

Tente ainda vídeos, filmes e contação de história. Todo recurso que envolve o estímulo da imaginação possui alto potencial de despertar o interesse dos discentes. 

Competições saudáveis ajudam as crianças mais impulsivas

A impulsividade é um fator que resulta em mal desempenho social, já que a dificuldade de esperar a vez para jogar, brincar, participar da aula ou responder algo, pode irritar os demais. 

Então, oferecer momentos em que as crianças com TDAH possam colocar isso para fora, de maneira saudável, é uma excelente estratégia. 

Nos jogos e brincadeiras envolvendo quizzes, por exemplo, ganha quem responder primeiro. Assim, não terá problema se a criança responder na frente de alguém, já que essa é a proposta.  

Comorbidades: transtornos de aprendizagem associados ao TDAH

Agora, quando a dificuldade para aprender está relacionada a algum transtorno de aprendizagem associado ao TDAH, é fundamental trabalhar junto aos responsáveis e psicopedagogos, uma vez que quase sempre é necessário o acompanhamento desse profissional. 

Existem diversas estratégias para ajudar no processo. Para as crianças com dislexia, um bom recurso é optar por fazer avaliação oral em vez de escrita e usar muitas imagens e diagramas para explicar conceitos. Isso serve para estudantes com discalculia.

Recursos educacionais para crianças com TDAH e transtornos de aprendizagem

As atividades e os projetos sugeridos anteriormente podem ser facilmente desenvolvidos a partir de planos de aulas e orientações encontradas em sites como o do Ministério da Educação. Inclusive, também é possível encontrar sugestões para desenvolver recursos pedagógicos que vão auxiliar na criação das ações. 

Além disso, há opções como a plataforma educacional Opet INspira, que disponibiliza diversos objetos de aprendizagem e materiais didáticos.

Opet INspira: soluções educacionais para diversas práticas de ensino

Na Opet INspira, o professor encontra recursos como áudios, imagens, vídeos e histórias infantis ilustradas para trabalhar com contação de histórias, leitura e até teatro. 

Também há jogos on-line, modelos de quizzes para gincanas e ferramentas para gamificar brincadeiras. Sem contar que há um “menu acessibilidade”, em que é possível adaptar algumas funções conforme a necessidade.